Parte II
Ninguém defende aquilo que não conhece. Por isso, precisaríamos primeiro conhecer quais são as vocações de Guapimirim. Para sugerir qualquer projeto ou alternativas, seria necessário conhecer o perfil do município; isto só através de um inventário sócio econômico, ambiental e cultural. Esta é tarefa do poder público municipal. O outro passo, depois da vocação, é a possibilidade de se vocacionar o município, de acordo com oportunidades que possam surgir na região, como a do COMPERJ. Embora Guapimirim disponha de Plano Diretor, Plano Plurianual, LOA, LDO, na verdade estes são documentos de ficção e só existem para atender as determinações legais.
Como não disponho destes dados, procurei outras fontes tais como: IBGE, FIRJAN, Fundação CIDE, PLDS (Agenda 21 de Guapimirim), SEBRAE, RAIS e outros.
1) Comenta-se que o município tem vocação para o turismo, tanto que o Ministério do Turismo escolheu e colocou Guapimirim no roteiro de destino para o evento da Copa do Mundo de 2014. Foram escolhidos 10 município, entre os 92, existente no RJ. A escolha se deu em função das nossas riquezas naturais. Como o Ministério do Turismo (Pronatec) tem conhecimento do despreparo do município, resolver ele mesmo capacitar à mão de obra local. São 32 cursos gratuitos, bastando para tanto os interessados acessarem: http://pronateccopa.turismo.gov.br . Os cursos serão provavelmente realizados em Teresópolis. Entretanto a ACIAG (Associação Comercial de Guapimirim), vem negociando com o Ministério do Turismo, a vinda de alguns cursos para serem realizado em Guapimirim. Podemos transformar a Faetec em uma unidade especializada em capacitar mão de obra para o setor de turismo, ajudando os empreendedores já estabelecidos e atraindo novos investidores.
2) Conhecendo nossa realidade: Guapimirim tem hoje um grande êxodo rural. Observem: Em 2000 a população urbana do município era de 25.593 e rural de 12.359. Em 2010 a população urbana de 49.757 e a rural de 1.730, dados do IBGE. Isto é uma verdadeira tragédia em matéria de distribuição demográfica. Com um agravante: só quem ficou na zona rural foram às pessoas de meia idade e idosos. Este e um fenômeno que ocorre em todo país, NÃO nesta escala de Guapimirim. Nossa agricultura é insignificante, pecuária é fraca, os haras praticamente não existe mais. Ressaltamos apenas uma experiência exitosa que é da Associação dos Plantadores de Produtos Orgânicos do Fojo, que existem a mais de seis anos, são heróis da resistência. Até bem pouco tempo, a Secretária Agricultura do município, era um apêndice da Secretária de Meio Ambiente a sua criação chegou muito tarde.
3) Em Santa Catarina, há 15 anos, o Governo Estadual e as Prefeituras dos municípios perceberam este fenômeno do êxodo. Em seguida partiram para criação de alternativas que foi turismo ecológico, rural, trilha, esporte/radical e outros. Criaram associações para interlocução com as autoridades públicas. Alcançaram ótimos resultados. Existem vários outros exemplos como de Bonito em MT. O turista que busca a ecologia, em geral dispõe de poder aquisitivo, tem instrução acima da média e fica em torno de 8 dias na região.
4) O turismo é um agregador de mão de obra. Para cada emprego direto cria-se três outros indiretos. Como o nosso município tem em torno de 70% de área de preservação ambiental, oito unidades de conservação, um patrimônio de mata atlântica ainda preservada, nada como compatibilizar a necessidade da população buscar fonte de recursos financeiros, com uma atividade sustentável, com grau de impacto mínimo.
5) Estamos em ano eleitoral, mas as eleições passam, Guapimirim fica. O importante não é só a critica e sim apontar alternativas factíveis de serem realizadas.
No próximo número do Boletim, abordaremos como vocacionar o município para receber os bônus do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (COMPERJ).
Manoel Figueiredo
Colaborador do Boletim da AACG. Criador do movimento “Emprego Já Guapimirim” em 2007/2008, por ocasião da Audiência Pública Petrobras/Comperj. Ex-presidente do Conselho Comunitário de Segurança Pública de Guapimirim, 2009/2011.
Matéria publicada no Boletim da AACG do mês de MAIO de 2012.
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